Alquimista do Saber

“Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir.” Fernando Pessoa


Ele que era eu vivia o mundo construído de mentiras que até o próprio eu acreditava ser real, as transfigurações translúcida do real com o inventado se mesclaram e confundiram-se trazendo a dúvida algoz se era melhor viver as mentiras do eu criado [ELE] ou as verdades dolorosas do eu sofrido. Ela que pensava que conhecia o eu dele, vivia a ilusão do personagem do eu dele inventado em uma troca de mentiras que a conivência e agradabilidade de alguns momentos calava de forma sorrateira todos os suspiros de aprofundamento sendo substituído pela superficialidade ilusória de um amor parcial, físico e linear.
“Quem és tu que a ilusão é tanta que é incapaz de definir o teu eu” (Mundo Quintal)


Éramos 4, o eu verdadeiro, ele, ela e nós, vivíamos sobre os altos e baixos de criações e aventuras, alegrias e omissões recíprocas,  guardando para si os segredos do pensamento contrário dessa relação, fugindo das dúvidas, riscando os medos e triturando as indagações com o receio de sair da linha normalidade e da boa convivência, atuando com sorrisos cheios de dentes, lágrimas invisíveis e pensamentos abstratos escondidos até da própria consciência, constantes indações sem nenhuma pergunta, várias revoluções sem nenhuma arma, tudo movido pela práxis da ociosidade mórbida e letárgica de sonhos amordaçados por perspectivas ruins e as nuvens sempre recheadas de pingos de pessimismo com alguns raios de esperanças nas tempestades bipolares, onde os furacões apresentavam gritos  de boas novas e a calmaria aparecia selvagem com os grilhões do fictício carpe diem que não passava de sujeição e conformismo em aceitar vidas  inventadas e maquiadas.


O Eu foi preso com as algemas da hipocrisia e das inverdades, sobre acusação de introspecções constantes e subversivas de respostas e perguntas reacionárias do próprio eu, que há muito tempo foi escondida, dizem eles, sobre a criação abstrata de um ser inventado que há muito tempo deixou seus ‘eus’ presos na caverna da verdade, sobre a promessa dos Eus se libertarem em um devir paradisíaco, enquanto isso para eles se fez necessário seguir o percurso sem perguntas, sem respostas, sem verdades e sem vida, vivendo apenas o espectro do ELE que tomou o lugar do Eu preso na caverna da verdade para o ELE caminhar na mentira do teatro da vida sem cor, onde encenamos o papel criado por eles e nós, onde a verdade é apenas um verbete de uma fala utópica do personagem do sonhos que foi trancafiado sem nunca se apresentar para ninguém.


Criei em mim várias personalidades. Crio personalidades constantemente. Cada sonho meu é imediatamente, logo a aparecer sonhado, encarnado numa outra pessoa, que passa à sonhá-lo, e eu não. Para criar, destruí-me, exteriorizei dentro de mim, que dentro de mim não existo senão exteriormente. Sou a cena viva onde passam vários atores representando várias peças. Fernando Pessoa
Máscaras são os acessórios, maquiagem são as faces e os sorrisos constituem as falas dos personagens do teatro sem cor, caminhando na perspectiva funesta de bons moços, vivendo sobre a irrealidade da nossa criação que parece tão real que esquecemos que somos atores e que o que nos rodeia é uma platéia que cobra de nós uma boa representação e uma ótima atuação, seguindo as regras estipuladas na obra dramatizada da mentira. Vivendo sobre o jugo da interpretação de dizer sentir o que não sentimos, de falar o que não acreditamos, de sorrir quando choramos e principalmente de vivermos enquanto estamos mortos, como zumbis espirituais em um mundo material...

Saudações para o Eu, o Ele e o Nós.

2 Comentários:

"A todos" não tem crase.

Obrigado, corrigi já.

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