Alquimista do Saber

“Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir.” Fernando Pessoa


De repente sou surpreendido no meio de um novo mundo, que dificilmente alguém seria capaz de acreditar que existisse, é tão belo e único que sou incapaz de descrevê-lo em sua plenitude, mas mesmo assim tentarei descrever o que consegui visualizar desse magnífico local. Ele possuía um aspecto rústico porém extremamente aconchegante, as casas que tinham uma arquitetura inovadora, não possuía portas, janelas ou cercas, de uma forma impressionante eles se amontoavam em uma forma circular umas de frente para as outras com um toque visilmente interativo,nos arredores desses círculos de casas, via-se jardins de flores exóticas de todas as cores causando um efeito quase psicodélico aos olhos, animais domésticos ficavam livres pelas ruas com a expressão de liberdade extrema que também era vista nos moradores desse local, de alguma forma esse recanto sastifazia todas as minhas necessidades,em poucos segundos eu conseguia respirar uma paz interior que procurei de todas as formas, entre psicotrópicos, festas e amigos que da mesma forma efêmera que surgem se dissipam.

Caminhando ao longo dessas casas escutava-se em algumas uma melodia suave de boa música sendo cantadas em vozes tão harmoniosas que chegava a ser sublime,vozes essas que seguiam o ritmo das guitarras que com um som perfeito se mesclava com piano e sax, olhava estupefato para o interior dessas casas e via nas pessoas a expressão verdadeira de uma felicidade desconhecida por mim naqueles rostos, eles eram sonhadores, aventureiros, meio loucos às vezes, visivelmente notava-se que eles viviam em uma forma de comunidade onde todos se conheciam e se respeitavam, sorriam de uma forma transbordante, às vezes imaginava que todos estavam entorpercidos de algum alucinógeno, mas descartei essa ideia depois  de perceber a firmeza e a convicção que eles conversavam, o mundo alí nada mais era que um palco sujo qualquer q eles caminhavam, sem se preocupar com as precariedades dele, percebia que eles se importavam apenas em  viver de forma completa e profunda a vida, a moral era algo que parecia não existir, todo tipo de promiscuidade existia, mas parecia que esse novo lugar não tinha concebido a ideia criado em nossa sociedade do amor mogâmico, do inferno do vulgamento alheio e do ter em vez do ser. 

As pessoas cresciam em um respeito mútuo e principalmente na ideia de julgar apenas a si mesmo. De tanto contemplar essa nova realidade, que meus sonhos mais intensos nunca foram capaz de conceber,  entrei em uma espécie letargia introspectiva da surrealidade desse momento, de forma inexplicável estava em um local que outrora era tão quimérico que não conseguia ser imaginado nem nos livros mais utópicos. Nesse verdadeiro oásis não era necessário drogas, pois a realidade não precisava ser distorcida para se encontrar em um novo mundo que fuja da atual, pois ninguém queria entrar outra realidade. O sangue dessa gente parecia ser composto de THC, todos eram calmos, tranquilos, amorosos, solícitos e divertidos. Alí a amizade era como se fosse um elo tão profundo quanto os laços afetivos de mãe e filho, uns ajudavam aos outros e o amor conjugal era tão leal e sublime que o filmes mais piegas não conseguiria traduzir em imagens e sentimentos, pois ele tinha uma cumplicade repleta de carinho e dedicação que os melhores atores não conseguiria interpretar.

Não havia leis, proibições ou jurisdição tutelando as pessoas, todos eram livres e faziam seu próprio código ético, a mentira, dissimulação e contendas interpessoais eram tão repudiadas quanto um crime hediondo em nossa sociedade atual. Não havia traições ou ciúmes entre eles, porque eles tinham a boa ideia de não se sentirem donos de ninguém, não havia exigências e cobranças entre si, todos por livre e espontânea vontade se doavam e se dedicavam ao próximo não por cobrança, ou por um laço afetivo criado, mas por sastifação pessoal, pois entendiam que destilar amor era a melhor forma de ser especial e inesquecível.

A leitura, erudição, boa música, filosofia, compreensão do universo e de si próprio eram assuntos prioritários entre eles, haviam exposições de várias ideias diferentes que se concatenavam até formarem um excelente dialogia, todas as opiniões eram respeitadas e aproveitadas, como se de alguma forma eles percebesse que todos eram essenciais na construção da melhor ideia possível, não havia entre eles trabalho individual, pois acreditava-se que a totalidade não é feita de forma homogênea e singular e sim do complemento das especificidades de cada um. Eles não eram iguais, nem padrozinados, eram diferentes, uns calmos, outros mais agitados, uns bem dotados de saber científicos, outros de saber tradicional, uns gostavam de blues, outros de rock, uns eram jovens, outros eram de idades avançadas, mas de forma uníssona e carismática eles acreditavam que ninguém era melhor que ninguém, mas deliciosamente diferentes.

Era um forasteiro alí, desconhecido e com valores imbecis da sociedade que vinha, mas eles me acolheram alegando que só consegue continuar maquiavélico e mesquinho entre eles as pessoas que não recebem amor e se fecham para conhecer a beleza que cada um pode oferecer e eles estavam dispostos a me conceder a graça de ser respeitado pelo o que sou, pelo o que creio e pelo que sonho e que não precisaria mudar minha personalidade para se adaptar a deles, e sim fazer uma dialogia da minha com deles até chegar de alguma forma em um ponto de respeito e admiração que tornaria a convivência amorosa, fincadas nas raízes suprema da chamada Amizade.

Pena isso tudo ser apenas um devaneio introspectivo de um noite insone, de alguém que a todo momento busca fugir dessa realidade, como um alquimista que procura fazer experiências para encontrar o que não pode ser encontrado, mas que sua persistência e determinação acredita ser possível, como esse alquimista vou fazendo as minhas próprias experiências buscando encontrar esse paraíso que nunca vai existir, mas que nunca vai deixar de ser a eterna quimera desse esquizofrênico que vos escreve.
A vida é como um sonho; é o acordar que nos mata.
Virginia Woolf


Saudações Quiméricas


Nuvem de Calças
Fragmentos... (Maiakóvski)

Alo!
Quem fala?
Mamãe?
Mãe!
Teu filho está esplendidamente enfermo.
Tem um incendio no coração.
Dize às manas Ludmila e Olga
que ele já não sabe pra onde ir.
Que cada palavra
Até a mais leve graça
que lhe sai da boca ardente
salta como uma prostituta nua
fugindo de um bordel em chamas

As gentes farejam:
_ " Cheira a queimado!"
Chamaram a quem?
Brilham capacetes...
São inúteis essas botas gigantes...
Dizei aos bombeiros
que subam ao coração em chamas
com um par de carícias!
Eu mesmo
derramarei de meus olhos
tonéis de lágrimas.
Deixai que eu me apóie
em meu próprio peito.
Saltarei, saltarei, saltarei!
É inútil. Tudo desaba.
Jamais fugirás de teu próprio coração.

No rosto queimado
pela fenda dos lábios
um beijo carbonizado
assoma
pronto a saltar.

Mãe!
Não posso mais cantar.
No templo de meu coração
o altar está em chamas!
Palavras e números
como figuras ardentes
fogem de meu crânio
como crianças de uma casa em fogo.
Era assim que o pavor
de não poder agarrar-se nas núvens
erguia os braços-labareda do Lusitania

Ante a tímida gente
que vive na paz caseira
ergue-se um halo de incêndio
de mil olhos.
O meu derradeiro grito!
Dize aos séculos futuros
pelo menos isto:
Que eu estou em chamas.

Esse poema desde a primeira vez que li impressionou -me de uma forma, que sempre releio em busca de uma análise introspectiva dos meus sentimentos e de como ele consegue se encaixar em várias situações da minha vida. Explicar o sentindo dele é tão complexo como conseguir compreendê-lo em sua totalidade, o que tentarei explanar aqui através dos meus devaneios, são apenas sentimentos novos, alguns desconhecidos e outros bastante repetitivos e insistentes, mascarado dessa vez com desconhecidas cores.

O bom de sermos diversificados é a possibilidade de vivenciarmos várias emoções ao mesmo tempo, alimentando assim nossa bipolaridade até fazer sentir o fervor dos extremos, vivenciando alegrias mentirosas, felicidades desconhecidas, desejos irreais e sonhos fictícios que só conseguimos visualizar de olhos abertos com a doce ilusão de fazê-lo real. Mas, o importante é sonhar e fazer da mais leve graça um espetáculo que faz sorrir a angustiante solidão do viver.

Fazendo uma analogia de sentimentos com essa prostituta fugindo em um bordel em chamas, me faz pensar que a prostituta do sentir é a solidão de um prazer efêmero, um desejo comprado, uma sastifação física sobre os moldes de quem se doa por necessidades e de quem compra por carência. Nossa meretriz sentimental nada mais é que nós mesmo buscando vender nossa alma por grandes amores que vem e nunca voltam,  amiúde adquiridos por pessoas que usam a máscara da força sentimental, tentando vencer uma espectro imaginário de outrem que já se foi.


 Alegraria-me grandemente acordar desses sonhos intranquilos e perceber que esse bordel que pega fogo foi apenas um pesadelo, fazendo-me sentir a paz de uma doce  vida tradicional de uma exemplar família cristã,  caminhando sempre sobre a falsa realidade de uma normalidade ilusória, que apenas segue o rumo de mentiras que se tornaram verdades e de verdades que se tornaram apenas uma utopia distante. O difícil é saber quando estou acordado ou dormindo, a rotina instigante desse vai-e-vem impede que a minha cognição consiga diferenciar verdade de ficção, criando assim a dúvida dolorosa: o fogo que eu vejo queima-me ou é apenas uma labareda fictícia de um “teatro sem cor”.



Enquanto não consigo distinguir o real do irreal vou intextualizando a poesia do magnífico Maiakóvski com a música Luz Negra interpretada por Cazuza, que faz queimar em minha alma chamas de pensamentos nostálgicos e sorumbáticos :

"Sempre só
eu vivo procurando alguém
que sofra como eu também
mas não consigo achar ninguém...

...A luz negra de um destino Cruel
Ilumina um teatro sem cor
Onde eu tô representando o Papel
Do palhaço do amor”

Refletindo sobre isso o que me resta é pedir aos astros e aos deuses do Olimpo que me envie o doce aconchego de um auxílio humano, que faça-me com suas carícias e amor, apagar essas labaredas que carbonizam minhas emoções com a fúria destrutiva da solidão. Que a personalidade desse auxílio seja ingênuo e meigo de um jeito que faça-me mergulhar como uma criança na deliciosa calmaria do fundo de um oceano, onde o fogo da dor e da angústia fiquem distantes, dando lugar apenas a linearidade boa de um horizonte interminável de alegrias duradouras que jamais se tornam insaciáveis.



Que nas noites que o fogo conseguir me encontrar e o que o aconchego dos braços que me protejam não forem suficientes, ela carinhosamente cante com sua voz suave a estrofe desse poema...

...Agora vamos alcançar
Tudo o que não
Podemos amar na vida
Com o estrelar
Das noites inumeráveis...

Saudações em Chamas Para Quem é Frio

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Contato: wesley_diogenes@hotmail.com Quero explicar que o nome alquimista do saber vem da ideia de uma busca constante do conhecimento e do aprendizado, é como se fosse um aventureiro em busca de uma dialogia de filosofias para chegar a um determinado conhecimento, o nome do blog não passa de uma analogia e não se configura como uma prepotência da minha parte.

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Brilhar para sempre,

brilhar como um farol,

brilhar com brilho eterno,

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que tudo mais vá para o inferno,

este é o meu slogan

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"Um alquimista é aquele que vive sua lenda, Desbrava o desconhecido, que sabe que para chegar ao impossivel tem que caminhar por caminhos impossiveis. Brilha sua luz!Sua individualidade coletiva questionadora. Vamos nessa! Navegar é preciso." Clenilson Batista

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