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de
Postado por
Wesley Diogenes
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Um lunático canta dentro de mim músicas com letras que não sei o significado e melodias que às vezes confundem os meus sentidos, ensurdecendo a razão, cegando o horizonte e calando os desejos e pedidos de socorro. Com cifras codificadas e pragmáticas que não permitem uma boa sonoridade e que distanciam a possibilidade de entendimento e harmonia consigo mesmo.
Esse lunático encontrou refúgio em lugar inóspito dentro de mim, sua alimentação é rigorosa e fixa regada de arroz de intropescções, feijão de nostalgia e bifes de bipolaridade. Ele Gosta da solidão como uma inspiração para sua arte e criações, sente o peso da liberdade que em vez de torná-lo livre aprisiona-o... quando choraminga ele faz de forma silenciosa com receio de pertubar o seu hospedeiro, quando se anima um pouco faz serenatas com frases e verdades falsas, fazendo-o acreditar que a nova canção que produziu é diferente das outras e que dessa vez ela durará um bom período de sucesso, mas não adianta o músico lunático é um fracasso em fazer músicas boas, suas criações são sempre sorumbáticas e sem cor.
O Espectro
Anda um triste fantasma atrás de mim
Segue-me os passos sempre! Aonde eu for,
Lá vai comigo…E é sempre, sempre assim
Como um fiel cão seguindo o seu Senhor!
Tem o verde dos sonhos transcendentes,
A ternura bem roxa das verbenas,
A ironia purpúrea dos poentes,
E tem também a cor das minhas penas!
Ri sempre quando eu choro, e se me deito,
Lá vai ele deitar-se ao pé do leito,
Embora eu lhe suplique:Faz-me a graça
Florbela Espanca
O músico lunático sempre nas noites insones recita docemente esse belo verso, para que eu saiba que ele sempre estar por perto.
Mas nem sempre o lunático incompreendido isola-se, de vez em quando buscando agradar-me ele procura dialogar com novas companhias que sorrateiramente surgem no seio de sua moradia, em busca de fazer novas amizades e querendo conhecer novos sentimentos toca com seu banjo racional melodias agradáveis aos novos amigos, se diverte, rir, se encanta e por fim como de costume se decepciona, se irrita e invoca impediosamente sua solidão, expulsando de forma dolorosa e traumática os novos amigos que se apresentam com nomes estranhos e impronunciáveis por mim por medo de represálias, mas que arrisco-me dizer que são conhecidos pela a grande mídia interpessoal e buscado por todos os hospedeiros, que fazem esses seres viverem harmoniosamente na alma de forma civilizada e normal, alimentando-os do raríssimo amor que para eles é um manjar alimentício na cidade dos sentimentos que poucos podem desfrutar.
O lunático fingidor de poeta, metido a desbravador de experiências interpessoais e por fim músico de beira de rua, vive sobre uma adaptação da ideologia da escola cínica de Diógenes, que na analogia dele prega o desprovimento de emoções como requisito fundamental para alçar a liberdade, a pseudo-felicidade e a sastifação pessoal, buscando tornar suas canções em melodias que soarão como um canto de um passarinho cheio de paz, harmonia e coerência no meio de um novo habitat seguro e confortável que ecoa sempre boas novas e flexibilidade nos ventos tempestuosos do viver... Pelo menos é o que ele sonha e sonhos de lunáticos ninguém discute.
Saudações Musicais e Lunáticas