Fernando Pessoa - 1909
Essa postagem não é um auto-flagelo porque na verdade não me incomodo com a estupidez, não me incomodo com esses horríveis defeitos, o que me incomoda é o fato de não poder externar com atitudes, palavras ou em um texto como sou estúpido, estupidez essa que magoa o próximo, que irrita quem assiste e que fatalmente torna sombrio quem o faz. A dialogia desse texto estúpido com imagens surreais lindas, é o que vivo com minha estupidez, faço belas pinturas mediado pela idiotice, tornando irreal o que sou, surreal o que tento ser e mentiroso o que digo ser. Tudo é surreal, porque tudo é um jogo, ser estúpido é um jogo, dizer que sou estúpido é um jogo, dizer que jogo é um jogo... enlouqueço a minha própria razão com minha incoerência gritante de mutações surreais intermináveis.
Somos os deuses de nossa realidade, criamos as pessoas que estão a nossa volta, criamos uma visão sobre elas, sobre o que nos cerca, sobre o que é bom, o que é ruim e principalmente criamos a nós mesmo, com nossos adereços, fantasias, sonhos, falas, nossa platéia, nosso ritmo, nosso mundo. Temos o poder de criar deuses, temos o poder de criar não acreditar neles, temos tanto poder que nos tornamos fracos. A indagação do que queremos é um stigma que carregamos e temos que suportar. A realidade é um mundo de sonhos, onde tu pode acontecer, o surreal é isso, acreditar viver um sonho que acreditamos ser realidade, ou uma realidade que acreditamos ser um sonho, ê laiá, o mundo que criei é imenso como o cosmo, sou uma fagulha na frente dele, mas apenas um singelo movimento meu o transforma, fazendo o caos e a beleza, o feio e o bonito, o amor e o ódio, todas as dicotomias possível até chegar no 'legal e estúpido.'
Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final...
Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?
Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu....
Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seus amigos, seus filhos, seus irmãos, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco.
O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora...
Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem.
Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração... e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.
Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal".
Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará!
Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.
Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.
Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és..
E lembra-te:
Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão
Fernando Pessoa